Para compreender melhor o que os aguarda, vejam – óbvio – o primeiro It – A Coisa, leiam meu review do primeiro filme e assistam ao trailer abaixo…
WELCOME BACK.
Sim, Pennywise aguardou pacientemente ao longo de 27 anos para retomar sua chacina em Derry. Entretanto parece que a cidade ficou também mais bruta após os estragos feitos em 1989, fato comprovado pela cena inicial que impacta não pelo terror, mas pela covardia. Essa cena deixa nítida a influência negativa do palhaço em algumas pessoas que já são propensas a fazer o mal.
Estamos em 2017 e nos deparamos com uma Derry mais moderna e com mais habitantes, um prato cheio (literalmente) para o apetite por sangue de Pennywise. Ele, aliás, continua agindo de forma discreta e também caça adultos. Logo no início percebemos que a cidade é uma espécie de fazenda para o monstros, um lugar onde ele pode selecionar a comida (as vítimas) ao seu bel prazer.
E é nesse sombrio lugar que nos reencontramos com um adulto Mike Hanlon (Isaiah Mustafa), o único remanescente do Clube dos Otários na cidade. Ele sofreu por longos 27 anos sendo uma espécie de guardião de Derry. Mike catalogou e pesquisou tudo sobre a criatura ao longo desse período e também foi o primeiro a perceber seu retorno.
Cabe a Mike a árdua tarefa de convocar seus amigos para que cumpram a promessa feita há quase trinta anos. Cabe a ele o pesado fardo de trazer à tona emoções e dores que estavam guardadas por tanto tempo. Mas ele jamais pôde guardar ou esquecer nada, já que sua sina era ser o vigia do mal adormecido em Derry.
Reencontramos os outros integrantes do Clube dos Otários: Bill Denbrough (James McAvoy), Berverly Marsh (Jessica Chastain), Richie Tozier (Bill Hader), Ben Hanscom (Jay Ryan), Eddie Kaspbrak (James Ransone) e Stanley Uris (Andy Bean), agora adultos e com vidas estabelecidas. Alguns traços de suas vidas pregressas permanecem inertes e são despertadas quando recebem o chamado de Mike. Bill volta a ter pequenos acessos de gagueira, Bev ainda vive sob o jugo do abuso, Richie usa o humor para esquecer, Ben é um homem de sucesso nos negócios, Eddie continua sob o domínio de uma nova mãe e Stanley é o que mais se abala com essa convocação.
E não há como deixar de elogiar a escolha dos elencos para o Clube dos Otários que são realmente muito parecidos. As versões adultas parecem mesmo ser as crianças crescidas. Impecável!
O RETORNO A DERRY.
Uma coisa fica clara assim que os primeiros integrantes do Loser´s Club chegam à cidade: Pennywise sabe que eles estão lá e os aguarda com ansiedade. O monstro assassino nutre um ódio incomparável por essas pessoas, assim como também sente falta deles, já que ninguém jamais havia oferecido tanta resistência ao seu poder. O que passamos a ver é um jogo de gato e rato onde o medo se espalha com uma velocidade impressionante, marca e choca o público, além de estar muito coerente com aquilo que foi apresentado no livro de Stephen King.
Uma vez em Derry, todos os traumas que a cidade e a criatura lhe impuseram retornam. A sensação deles é tão crível que os espectadores compartilham de suas emoções. É algo muito próximo ao reencontro de um parente que conhecemos quando crianças e, anos depois, revemos, reconhecemos, mas há algo incômodo e diferente. Os membros do Clube dos Perdedores passam por isso em um nível muito maior.
E há um aliado inesperado que Pennywise convoca para, novamente, atormentar e matar os Perdedores.
ENFRENTE SEUS MEDOS.
Apesar de ser um filme de terror, It não se resume a isso. Tal como está nos livros de Stephen King, há outros pontos pertinentes e capazes de levar o leitor (agora espectador) a refletir. O vínculo de amizade entre as crianças é tão forte que isso resiste ao passar dos anos. O compromisso é inabalável, mesmo diante do medo de reencontrar um ser tão maligno quanto Pennywise. Contudo, isto não se resume aos adultos que retornam a Derry, já que o próprio palhaço do mal terá que enfrentar aqueles que o derrotaram 27 anos atrás. Em suma, todos terão que ficar face a face com seus maiores medos.
O filme foi roteirizado para mostrar aquilo que King escreveu. O livro destaca principalmente uma jornada onde confrontar os temores é a única forma de superá-los; assim acontece em It – Capítulo II, pois a trama toda se desenvolve sobre essa temática, mas com destaque para um fato importantíssimo: encarrar os medos não implica na ausência de perdas. Mais do que isso, aprendemos que perder é algo possível quando diante de algo violento e irrefreável, assim como é o próprio Pennywise.
SOBRE O AMOR.
O longa é uma obra do medo, disso não tenham dúvida. Entretanto, há um ponto que nunca deixa de seguir os medos presentes: o amor. E quando falo de amor é preciso frisar que isto está muito acima do sexo ou da paixão, pois o amor em pauta é aquele oriundo da confiança, da fraternidade e do respeito mútuo. As crianças lutaram e suas versões adultas voltaram para o pesadelo para findar o combate de suas vidas. Voltaram, é preciso deixar claro, por amor mútuo e por respeito à promessa feita.
A ORIGEM REVELADA.
Uma parte muito interessante da obra está na explicação do surgimento da criatura. O ser que sobrevive às custas das vidas de adultos e crianças em Derry é muito mais antigo do que pudemos supor. Isso fica explícito nesta parte final da obra e deixa claro que o mal é ancestral, impiedoso e covarde ao se aproveitar dos maiores medos das pessoas.
SUSTOS E EFEITOS VISUAIS.
Eu me surpreendi com o primeiro filme quando ele trouxe à tona os pesadelos presentes nas páginas do livro de Stephen King. A surpresa foi maior ao me deparar com um filme em duas partes, o que significava que a possibilidade de termos um longa realmente próximo daquilo que está no livro seria algo palpável.
Agora, após ver o segundo filme, estou ainda mais surpreso. Cenas e imagens que só habitavam minha imaginação saltaram da tela. As várias versões de Pennywise (onde ele incorpora os temores das vítimas) são impactantes e, felizmente, a direção e o roteiro não se esquivaram de provocar o incômodo com imagens e situações realmente escritas por King.
Em resumo, It – Capítulo II é o fechamento correto e ideal para uma história atemporal, impactante e que não sairá da sua memória jamais.
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