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Mamonas Assassinas, o filme: críticas são cabíveis, porém o filme serve para diminuir a saudade

Eles partiram no longínquo ano de 1996. Passaram-se quase 28 anos, mas a dor pela perda dos Mamonas Assassinas ainda incomoda. Fenômeno musical, donos de um carisma inigualável e campeões de vendas, eles marcaram toda uma geração e ainda fazem sucesso. Dinho, Bento Hinoto, Samuel Reoli, Sergio Reoli e Julio Rasec deram vida a um sonho e mostraram ao mundo que é possível vencer apenas com a simplicidade, bom humor e ousadia... e muita persistência. 

O final de 2023 marcou o lançamento do filme baseado na trajetória do grupo. Com o título de Mamonas Assassinas - o Filme, a produção foi recebida com empolgação pelos fãs, porém com um certo descaso por parte da crítica. 

Mas, afinal, qual o veredito sobre o filme segundo minha avaliação? Honestamente, há pontos frágeis e fracos no longa-metragem, porém isso perdeu força por causa da caracterização dos Mamonas, a óbvia nostalgia e pela importância da produção que traz à tona um pouco mais da história dos meninos de Guarulhos que conquistaram o Brasil.

Entretanto, o fato é que o filme teve uma boa atuação nas bilheterias, porém ganhou críticas ferrenhas (em sua maioria, justificadas), o que denota a perda de uma oportunidade grandiosa de trazer ao grade público uma obra à altura do legado da banda e sua rápida história no cenário musical brasileiro. 

Elogios.

Por se tratar de um filme biográfico, Mamonas Assassinas nos entrega uma boa parte da história dos jovens músicos de Guarulhos. 

A caracterização ficou excelente e é fácil ver que os atores se dedicaram aos seus papéis. A escolha do elenco também agrada, principalmente quando nos deparamos com o sobrinho de Bento Hinoto - Beto Hinoto - interpretando-o, assim como é impressionante a similaridade entre Dinho e o ator 

Problemas.

Definitivamente este longa-metragem deveria ser uma minissérie ou série mais longa. Há histórias e material suficiente sobre o grupo para tal. Isso, contudo, foi descartado pela produção da Rede Record (responsável pela série), restando ao público o filme.

Devo ressaltar que gostei do filme. Ele traz uma nostalgia boa e mostra fatos sobre os Mamonas que estavam alheios ao grande público. Mas a experiência perde em aprofundamento e dinâmica por conta de detalhes que seriam facilmente evitados com um pouco mais de esmero e uma edição mais cuidadosa.

Há falta de sincronia em algumas das músicas, fato que dá ao espectador a impressão de música dublado, nos moldes dos antigos programas de auditório. Até o Pablo, do programa "Qual é a Música?" tinha mais sincronia. 

Os "cortes" e inserções temporais também ficaram a dever. Quanto às versões cantadas em substituição às canções originais, nada atrapalharam.

Com um tempo de projeção mais longo, uma edição menos preguiçosa e a correta sincronia de áudio, certamente o longa-metragem teria uma melhor atuação nas bilheterias dos cinemas. Faltou, honestamente, uma maior preocupação com o produto final. 

Série.

Um ponto que me incomodou foi a descoberta da existência de uma produção da série dos Mamonas. Com o mesmo elenco e, certamente, mais tempo de tela, a série prometia entregar mais sobre o grupo e sua trajetória. Entretanto, a série não foi ao ar por variados problemas e, como que para "aproveitar" o material, editaram as cenas da série e transformaram no filme. A decisão deixa a nítida impressão de que ao optar por fazer os "cortes" e montar o filme, seguindo um caminho totalmente contrário ao trilhado por O Auto da Compadecida que surgiu primeiro como série (infinitamente mais apurada e detalhada) e, depois, veio o filme (cuja perda de cenas icônicas é lamentável), o resultado foi abaixo do que poderíamos ter com mais tempo de tela e cenas melhores conectadas ao fim da montagem. 

O filme é divertido e tem uma trama de fácil compreensão, porém seu ritmo acelerado prejudicou a inserção do público na obra. Acelerar a narrativa é uma decisão ruim, principalmente se levarmos em conta que se passaram décadas até termos um filme sobre a banda. Não havia necessidade de entregar algo tão curto e finalizado de modo desleixado.

Atuações.

O elenco do filme é bom, mas teve suas atuações coordenadas de modo equivocado. Apesar das similaridades entre os escolhidos para interpretar os integrantes dos Mamonas, o fato é que apenas uma parcela do que poderia ser entregue apareceu na tela. Não culpo somente os atores, pois é visível que poderiam mostrar muito mais do que o proposto.

Os protagonistas do filme são: Ruy Brissac (Dinho), Beto Hinoto (Bento Hinoto), 
Júlio Rasec (Robson Lima), Samuel Reoli (Adriano Tunes) e Sérgio Reoli (Rhener Freitas).
O elenco de apoio teve atuações condizentes, porém a presença da influencer do Tik-Tok, Fernanda (Fefê) Schneider não convenceu, deixando a impressão de que a presença dela se deu em função de seu gigante número de seguidores. Claro que posso estar enganado, tratando-se apenas de uma atuação fraca gerada pela pouca experiência no cinema. 

A direção de Edson Spinello não entregou aquilo que o público esperava. Sua experiência mais focada em TV (novelas) aparentemente prejudicou o resultado final do longa, o que é uma pena, principalmente por causa da longa espera pelo filme.   

Curiosidades.

Ruy Brissac é o Dinho desde os tempos de Mamonas, o Musical. Vencedor do prêmio de melhor ator revelação, Brissac voltou a dar vida ao vocalista do grupo neste longa-metragem. Já o ator Adriano Tunes, que no filme interpreta Samuel Reoli, fez o papel de Julio Rasec na peça teatral. 

Nota final.

Mamonas Assassinas é um filme cujo potencial gigantesco foi desperdiçado. Não é péssimo, apenas mediano, fato que decepciona os fãs que aguardaram tanto tempo por uma obra biográfica à altura do grupo de músicos que marcou pela história meteórica e por sucessos inesquecíveis presentes até os dias atuais na rotina de incontáveis famílias... um verdadeiro legado passado de pai para filho.

Por causa do pouco profissionalismo em algumas áreas específicas, o filme será lembrado como uma rasa visão de personagens carismáticos e atrativos, sobretudo para uma cinebiografia. Apesar do tom divertido, das ótimas caracterizações e de passagens que tentaram remeter ao longa-metragem biográfico do Queen, Bohemian Rhapsody, o fato é que este filme ficou bem abaixo do que os fãs aguardavam há longas décadas...



Comentários

  1. Sou um leitor fiel do seu blog há um tempo e suas últimas postagens sempre me deixam maravilhado.

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  2. Muitíssimo obrigado pelo comentário elogioso. Estarei publicando com maior constância a partir da próxima semana.
    Grande abraço.

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