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Fotógrafos e suas fotos históricas

Fotografias imortalizadas estão em livro... 

com seus autores ao lado.

Charles Moore With his snapshot of police officers arresting Martin Luther King Jr. in Birmingham, Ala., 1958.
A fotografia ganhou ares de popular há alguns anos. Com o advento das máquinas digitais, a queda dos preços dos cartões de memória e o barateamento do equipamento, seguido de uma evolução incontestável das máquinas, ficou simples ser um fotógrafo. Certo? Errado...
Não há como negar que ótimas fotos continuam a surgir. Mas é preciso lembrar que esta enxurrada de fotos não significa qualidade. Hoje, bilhões de fotos são postadas mensalmente. A produção é infinitamente maior que a da época da máquina convencional (com filme), porém os resultados não são tão grandiosos. Isso talvez ocorra em função do despreparo do portador da máquina (nem sempre um fotógrafo) e, talvez, de uma inexistência de critério daquilo que será captado pela lente.
Houve uma época em que os profissionais ficavam por um longo tempo aguardando o momento ideal para a foto perfeita. Isso quase não ocorre atualmente, quase. Friso que há ótimos resultados disponibilizados em toda a web, contudo não somos presenteados com "aquela" foto que marca uma época. Os motivos reais são inúmeros e creio que isso ainda possa ser revertido. Fato é que, infelizmente, a massificação da fotografia e uma cultura voltada para a quantidade ao invés da qualidade, atrapalham os resultados atuais. Outro fator agregador ao descaso pela composição das fotografias é a possibilidade de manipulá-las. Além do Photoshop, inúmeros outros programas permitem que as fotos sejam "retocadas" e até totalmente reformuladas, alterando-se fundo, cor, nitidez entre outras mudanças.
Em face do que foi dito acima, fica a nítida impressão de que a produção de ótimas fotos é inexistente, mas isso não condiz com a verdade. Temos, volto a frisar, bons resultados. O que não dispomos - exceto em caso de tragédias - são fotos capazes de marcar gerações.
O livro que Tim Mantoani fez e foi lançado recentemente chamas-se "Behind photographs: archiving photographic legends" (importado), onde ele disponibiliza 158 imagens de fotógrafos e suas marcantes fotografias. E são algumas dessas fotos e seus idealizadores - os fotógrafos - que vocês irão ver mais abaixo.
Eis um trecho de uma entrevista publicada no O Globo

Bob Gruen With his portrait of John Lennon in New York City, 1974.
— Quase todo mundo conhece essas imagens, mas poucos sabem quem são os autores — conta Mantoani. — Acho que é muito importante que as novas gerações saibam quem são essas pessoas, que dedicaram suas vidas à fotografia. Afinal, não foram as câmeras que criaram essas imagens, e sim os fotógrafos.
Como um justiceiro da arte de fotografar, Mantoani deu não apenas o devido crédito, mas também um tratamento de luxo para cada um desses autores. No livro, eles aparecem segurando uma ampliação dos seus trabalhos, em fotos feitas em Polaroid 20x24, um formato quase extinto e caríssimo (segundo Mantoani, cerca de US$ 200 por cada revelação).
— Esse é um formato mágico e único, que está quase perto da extinção. Ele me ajudou a ganhar o respeito desses profissionais e foi muito importante para atraí-los para o projeto do livro — revela Mantoani.
Herman Leonard With his portrait of bebop pioneer Dexter Gordon in New York City, 1948.
Foram necessários pouco mais de cinco anos para que Tim Mantoani concluísse o projeto de "Behind photographs: archiving photographic legends", iniciado a partir de uma inquietação pessoal do autor.
— Em 2006, reparei que há muito tempo não fazia uma foto com filme e num formato maior, por causa da evolução da técnica digital, que tinha absorvido quase 100% do meu trabalho — conta Mantoani. — Por conta dessa espécie de nostalgia, me reuni com amigos fotógrafos e pedi que trouxessem suas imagens preferidas de todos os tempos. Desse encontro surgiu a ideia de fazer o livro. O formato Polaroid 20x24 foi um aperfeiçoamento dessa ideia.
Depois do clique inicial, o trabalho de Mantoani foi encontrar os autores dessas clássicas imagens e atraí-los para a frente de sua própria câmera. Para isso, ele viajou por diversas cidades americanas, em busca desses mitos sem face, numa espécie de on the road fotográfico.
— Foi uma verdadeira jornada. Por causa do formato, em Polaroid, o ideal era que todos eles viessem ao meu estúdio, em San Diego, mas isso seria muito difícil para a maioria. Então, peguei a estrada atrás deles. Alguns foram muito difíceis de encontrar, e outros mais difíceis ainda de colocar em frente à câmera. Tive que ser muito persistente e não desistir nunca. No fim, não consegui todos os registros que queria, mas fotografei bem mais do que imaginava. Vale ressaltar que dois grandes nomes incluídos no livro, William Claxton e Julius Shulman, não estão mais entre nós, e considero uma honra ter feito essa última homenagem a eles.

Site Oficial: Behind Photographs

Howard Bingham The Forrest Gump of photography poses with one of his iconic shots of his longtime friend Mohammed Ali this time with Nelson Mandela
Mark Seliger With his portrait of Kurt Cobain at the Park Trades Center in Kalamazoo, Mich. on Oct. 27, before Cobain performed at Wings Stadium.

Nick Ut With his Associated Press file photo of Phan Thi Kim Phuc screaming in pain after her home was struck by napalm in South Vietnam, June 8, 1972. 

William Wegman With a cutout of one in his series of portraits of Wiemeraners.

Phil Stern With his portrait of Marilyn Monroe, in 1953.

Roberto Salas With his portrait of Fidel Castro and Che Guevara, January 1959.

Steve McCurry With one of the most iconic photographs ever, his shot of a nameless Afghan girl in a refugee camp in Pakistan, 1983.


 

Comentários

  1. Realmente há fotos que apesar de várias décadas ainda são tão famosas!

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  2. Como eu disse, tirando as fotos que abordam tragédias, temos pouco resultado de fotos marcantes atualmente. Mas ainda há pessoas com "tato" suficiente para trazer até nós produções de igual porte.
    As fotos não estão na totalidade, porém creio que estejam disponíveis no site do autor.

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  3. Bem interessante o trabalho. São fotos realmente marcantes.

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  4. Tenho especial apreço pela foto da Afegã. Há muito sofrimento embutido naquele olhar.

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