Já teve a sensação de que foi bom não ter gastado aquela grana com um blockbuster? Creio que sim, pois não é raro encontramos produções voltadas apenas ao entretenimento puro e pouco apuro no desenvolvimento da trama. Há mercado para produções desse genêro, mas isso não implica em afirmar que a aceitação ocorrerá sem quaisquer questionamentos.
Quem já viu um bom filme com o tema "batalha naval" confirmará o potencial cinematográfico de uma obra do gênero. Associar o mar, conflitos pessoais, uma guerra e o fascínio que os navios bélicos tem é uma jogada infalível... dependendo de quem esteja por trás do filme.
Battleship foi aguardado com ansiedade por muitos. A simples menção de um filme onde haveria uma batalha naval entre uma "esquadra" alienígena e a esquadra norte-americana é algo muito empolgante. Porém, como disse acima, dependendo de quem estará coordenando o projeto.
Temos tecnologia para criar filmes com o impacto de "Prometheus", "Avatar", "Vingadores", "Batman" e muitos outros. Hoje, não há limites para a criatividade humana nos cinemas. Praticamente todas as regiões mais inóspitas do planeta já foram filmadas, inclusive as zonas mais profundas dos oceanos. Limites? Apenas na mente de quem idealiza um filme e, claro, nos recursos financeiros para tal. Há dinheiro e uma boa equipe? Então teremos, muito provavelmente, um espetáculo visual e criativo dos mais incríveis.
Em "Battleship - batalha nos mares" não houve escassez de recursos. Pelo que pude constatar, a mesma tecnologia de "Transformers" está no filme. Há ação em ritmo desenfreado, um elenco razoável e a mistura de dois temas fascinantes: alienígenas e batalhas navais. Ora, você me perguntaria, então o que há de errado? Tudo, responderei prontamente...
O filme peca por atuações rasas e uma grande dose de descaso com a inteligência do espectador. Ainda existem produtores que acreditam no uso contínuo da ação para minimizar os efeitos devastadores de um roteiro ruim. Não há como aceitar aquilo que se passa na tela, pois os erros e as lacunas também nos atingem em ritmo igual ao da ação.
Resumidamente, o filme envolve uma parte da frota norte-americana em exercício com militares japoneses, algo comum que não passa de um intercâmbio entre as Marinhas para a realização dos jogos de guerra. Treinamento com o uso dos recursos navais existentes. Então, repentinamente, uma frota alienígena surge e isola alguns desses navios (não vou fornecer spoilers, fiquem tranquilos) e começa uma guerra real entre humanos e os "como sempre" malvados aliens. Não preciso dizer o final do filme para que vocês descubram quem ganhará este combate. Mas é realmente necessário usar abusivamente dos clichês, referências e um patriotismo típico da "era Bush" para chegar ao resultado final?
Sou militar, atuo na Marinha e já naveguei muito. Quando há um exercício deste tipo, inevitavelmente surge uma força extra, denominada patriotismo. Não queremos perder para nenhum país estrangeiro, não importando se temos recurso para tal ou não. Lutar pelo país - ainda que em um jogo - é algo que desperta um orgulho que muitos não sabem ser possuidores. Entretanto, a fórmula de Battleship é a mesma de "Independence Day": o excesso. Homens e mulher (Rihanna) lutam contra um inimigo invencível com os recursos atuais. Sangue é derramado. Lágrimas são vertidas. Parece que a esperança irá ruir, porém é bom lembrar que estamos falando de um filme onde homens lutam contra alienígenas, logo o resultado é algo de nosso conhecimento desde o início da primeira cena.
Enfim, mesmo já sabendo quem ganha, quem perde, o que choca são os meios para se obter estes resultados: o descaso com a inteligência do espectador, principalmente na cena em que um Navio de Guerra em alta velocidade usa sua âncora (ferro na nomenclatura profissional) para executar uma manobra impossível. Triste. Além disso, um navio de batalha precisa de uma quantidade grande de militares aptos para operar equipamentos e pôr o artefato em condições de navegar. Bem... é vergonhoso ver algo assim na tela.
Não há pontos positivos em Battleship na minha opinião. O filme é uma mistura descontrolada de Aliens, Predador, Matrix, Transformers e Independence Day. As referências são um pano usado para encobrir um roteiro fraco que se apóia nos efeitos especiais.
Decepcionante...
Ficha Técnica.
Direção: Peter Berg
Ano de Produção: 2012
Elenco: Taylor Kitsch, Alexander Skarsgård, Brooklyn Decker,
Rihanna, Liam Neeson, Tadanobu Asano
Gênero: Ação
Roteiro: Jon Hoeber e Erich Hoeber
Orçamento: US$ 209 milhões.
Comentários
Postar um comentário