Por: Filipe Gomes Sena.
Todas as vezes que lançam histórias
solo de personagens que, de certa forma, compõem um grupo, chega o momento de
ler/assistir/ouvir uma história sobre um personagem que você não gosta muito.
Quando isso acontece só existem duas possibilidades: o personagem que você não
gosta é retratado da mesma forma de sempre ou o personagem é apresentado de uma
forma diferente, ou inesperada, fazendo você desgostar um pouco menos dele. Eu
estou falando isso por que a ultima história de Before Watchmen a ser lançada
no Brasil foi publicada sob o título de Antes de Watchmen – Espectral.
Confesso que Espectral está longe de
ser minha personagem preferida de Watchmen. Ela fica o tempo todo naquela
lenga-lenga com o Dr. Manhattan e tal, tirando aquela parte que ela vai pra marte
não tem nada de legal nisso (se você não sabe do que eu estou falando, deve
procurar o filme ou a HQ Watchmen pra descobrir). Mas como todos os personagens
principais da trama de Alan Moore ganharam uma história contando um pouco de
sua origem, seria injusto que a moça ficasse de fora. Minha empolgação era
baixa, mas a curiosidade era muita. Dei um crédito e li de mente aberta... E a
surpresa foi boa.
Nessa história em quatro partes
escrita por Darwym Cooke em parceria com Amanda Conner, que também assina a
arte das histórias, somos apresentados à Espectral ainda nos tempos do colégio
tentando levar uma vida próxima do normal, mas falhando miseravelmente devido
não só a superproteção da mãe, mas também pelo árduo treinamento pelo qual ela
passa para garantir que o legado de sua mãe, a primeira Espectral, continue
vivo. Mas é a presença de um certo rapaz que faz a moça fugir de casa e viver
com alguns amigos hippies pra ficar livre de todas essas pressões e viver
tranquila o seu amor.
Até aí parece uma trama bastante
comum, mas o interessante dessa HQ é justamente o fato de Lauren não conseguir
ficar longe daquilo que foi treinada pra fazer. Na prática essa é uma história
sobre autoconhecimento. De como Lauren precisou se afastar da mãe pra entender
que ela nasceu pra se tornar aquilo que a mãe desejou pra ela. Tudo isso
ambientado, principalmente, na São Francisco dos anos 60, na efervescência do
movimento hippie. Mas é o envolvimento dessa juventude com as drogas que move a
trama principal desse volume. O vilão dessa história é justamente o cara que
fornece a droga pra todo mundo, o que dentro do contexto da história não faz
dele um vilão, mas é quando ele começa a distribuir um novo tipo de ácido que
ele vira vilão de verdade. Inclusive cabe destacar uma das partes mais legais
da história, em que Lauren
está numa viagem de LSD durante uma festa. Essa é a parte onde a arte mais
brilha. Tudo vai ficando colorido, distorcido, a musica vai ficando mais
envolvente e tudo é só beleza com a galera ao redor. Depois começam as
alucinações, a paranoia e, por que não, uma expansão da consciência. Tudo isso
é retratado de forma extremamente colorida e psicodélica.
Sem entregar muitos mais detalhes
sobre a história vale lembrar das boas, porém rápidas, participações do
Comediante e do Coruja original. Claro que existem algumas referencias a
Watchmen, mas se eu falar com detalhes vou estragar a surpresa.
De
modo geral Antes de Watchmen – Espectral é uma HQ boa. Nunca gostei muito da
Espectral, mas assumo que gostei muito da revista que, apesar de ter uma história
menos super-heróica do que na do Coruja, ainda consegue ser interessante o
suficiente pra prender a atenção do leitor até o final, não só pelo enredo, mas
também pela arte. Quanto à Condenação do Corsário Carmesin, temos mais uma
parte curta da história. Não vi nada demais até agora, mas parece que o negocio
engrena na próxima parte, é esperar pra ver. Sem mais só nos resta esperar pelo
próximo volume de Antes de Watchmen.
E eu ainda fico aqui, triste por não ter lido nada de Before Watchmen!
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