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Espectral - Nova resenha sobre a HQ que esclarece o passado dos Watchmen.









            Todas as vezes que lançam histórias solo de personagens que, de certa forma, compõem um grupo, chega o momento de ler/assistir/ouvir uma história sobre um personagem que você não gosta muito. Quando isso acontece só existem duas possibilidades: o personagem que você não gosta é retratado da mesma forma de sempre ou o personagem é apresentado de uma forma diferente, ou inesperada, fazendo você desgostar um pouco menos dele. Eu estou falando isso por que a ultima história de Before Watchmen a ser lançada no Brasil foi publicada sob o título de Antes de Watchmen – Espectral.
            Confesso que Espectral está longe de ser minha personagem preferida de Watchmen. Ela fica o tempo todo naquela lenga-lenga com o Dr. Manhattan e tal, tirando aquela parte que ela vai pra marte não tem nada de legal nisso (se você não sabe do que eu estou falando, deve procurar o filme ou a HQ Watchmen pra descobrir). Mas como todos os personagens principais da trama de Alan Moore ganharam uma história contando um pouco de sua origem, seria injusto que a moça ficasse de fora. Minha empolgação era baixa, mas a curiosidade era muita. Dei um crédito e li de mente aberta... E a surpresa foi boa.
            Nessa história em quatro partes escrita por Darwym Cooke em parceria com Amanda Conner, que também assina a arte das histórias, somos apresentados à Espectral ainda nos tempos do colégio tentando levar uma vida próxima do normal, mas falhando miseravelmente devido não só a superproteção da mãe, mas também pelo árduo treinamento pelo qual ela passa para garantir que o legado de sua mãe, a primeira Espectral, continue vivo. Mas é a presença de um certo rapaz que faz a moça fugir de casa e viver com alguns amigos hippies pra ficar livre de todas essas pressões e viver tranquila o seu amor.
            Até aí parece uma trama bastante comum, mas o interessante dessa HQ é justamente o fato de Lauren não conseguir ficar longe daquilo que foi treinada pra fazer. Na prática essa é uma história sobre autoconhecimento. De como Lauren precisou se afastar da mãe pra entender que ela nasceu pra se tornar aquilo que a mãe desejou pra ela. Tudo isso ambientado, principalmente, na São Francisco dos anos 60, na efervescência do movimento hippie. Mas é o envolvimento dessa juventude com as drogas que move a trama principal desse volume. O vilão dessa história é justamente o cara que fornece a droga pra todo mundo, o que dentro do contexto da história não faz dele um vilão, mas é quando ele começa a distribuir um novo tipo de ácido que ele vira vilão de verdade. Inclusive cabe destacar uma das partes mais legais da história, em que Lauren está numa viagem de LSD durante uma festa. Essa é a parte onde a arte mais brilha. Tudo vai ficando colorido, distorcido, a musica vai ficando mais envolvente e tudo é só beleza com a galera ao redor. Depois começam as alucinações, a paranoia e, por que não, uma expansão da consciência. Tudo isso é retratado de forma extremamente colorida e psicodélica.
            Sem entregar muitos mais detalhes sobre a história vale lembrar das boas, porém rápidas, participações do Comediante e do Coruja original. Claro que existem algumas referencias a Watchmen, mas se eu falar com detalhes vou estragar a surpresa.
De modo geral Antes de Watchmen – Espectral é uma HQ boa. Nunca gostei muito da Espectral, mas assumo que gostei muito da revista que, apesar de ter uma história menos super-heróica do que na do Coruja, ainda consegue ser interessante o suficiente pra prender a atenção do leitor até o final, não só pelo enredo, mas também pela arte. Quanto à Condenação do Corsário Carmesin, temos mais uma parte curta da história. Não vi nada demais até agora, mas parece que o negocio engrena na próxima parte, é esperar pra ver. Sem mais só nos resta esperar pelo próximo volume de Antes de Watchmen. 

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