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Star Trek: resenha do melhor Reboot dos últimos anos.

Por: Franz Lima.

A sensação de que algumas obras são definitivas não é incomum. Muitos são os defensores da manutenção de certos filmes, livros e outros produtos por conta do impacto que tiveram em uma geração, passando, inclusive, para outras que se seguem. Star Trek (Jornada nas Estrelas) é um desses exemplos. A franquia já teve muitas versões - ainda que algumas não tenham agradado tanto -, mas é inquestionável que a tripulação original (Kirk, Spock, Scotty e outros) foi a mais marcante. O carisma desses personagens ultrapassou décadas e angaria fãs até os dias atuais. E é esse mesmo carisma que me levou a olhar com desconfiança para o reboot de Star Trek, um novo filme onde seria "recontada" a origem e os primeiros dias da tripulação da USS Entreprise. 
O filme é de 2009 e eu levei quatro longos anos para dedicar um pouco de atenção à trama. Confesso: eu me arrependi. Me arrependi de ter esperado tanto tempo para conhecer uma obra tão primorosa. Agora, resta-me explicar o que torna o novo Star Trek tão bom.


Respeito à obra original.

Esse é um dos pontos a se destacar. A nova produção respeita de forma admirável o que foi idealizado por Gene Roddenberry. Tal como na série, temos personagens com grande carisma e interpretados de forma convincente por atores que, pelo que pude ver, entenderam a responsabilidade que lhes foi conferida. Cada um se encaixou de forma ímpar aos personagens e ao contexto da história, mantendo elos que seus antecessores criaram... ou melhor, melhorando-os.

Realidade alternativa.

Verdade seja dita, esse novo filme é ideal para antigos fãs e, logicamente, para os novos. A essência de Star Trek foi mantida, o que não impediu o diretor J. J. Abrams de adicionar elementos capazes de cativar um público mais novo e exigente. Star Trek tem ação, humor, efeitos especiais de primeira e, logicamente, uma narrativa bem similar àquela que vimos em outros filmes com James Kirk e sua tripulação. Mas, como todo bom fã, ainda havia a sensação de ausência de uma história que mostrasse os primórdios da equipe da Entreprise. Mesmo que um ou outro personagem não tenha recebido uma atenção tão grande quanto Spock, Kirk, Dr. McCoy, Uhura e Sulu, isso não minimiza o brilhantismo do roteiro feito por Roberto Orci e Alex Kurtzman. Eles, aliás, valeram-se da ideia de uma realidade alternativa para não ficarem restritos aos acontecimentos registrados nos outros filmes, o que proporcionou - a partir do segundo filme - uma maior liberdade para o diretor e os roteiristas.


Passado.

As origens ou parcelas do passado de alguns personagens são reveladas. Não acompanhei todos os episódios da série de TV e também não pude - ainda - ver todos os filmes da franquia, fatores que não me impedem de afirmar que foi feita uma abordagem nova e coerente sobre os principais tripulantes da Enterprise e os acontecimentos que levaram à formação dessa equipe. 
J. J. Abrams orquestrou um filme onde é possível perceber as motivações e as nuances que moldam o caráter de cada personagem. Os roteiristas obtiveram sucesso ao compor uma trama que mostra como pessoas tão diferentes puderam se unir.


Interpretações.

Não espere que haja uma cópia fiel dos personagens da consagrada série de TV. Há muitas semelhanças, porém foi garantida a cada um dos atores a liberdade de acrescentar detalhes que lhes facilitasse a interpretação e, principalmente, trouxesse maior credibilidade às cenas e à trama. 
Acompanhei diversos episódios da série original e, contrariando minha desconfiança inicial, pude ver e identificar trejeitos, ações e o caráter de cada um dos 'heróis'. Percebi, ainda, que a trama buscou homenagear cada um deles, mas também valorizar os novos atores que, com merecido talento, ganharam os corações dos fãs trekkers.


Spock e Kirk: antagonistas ou amigos?

Esse é um trunfo que J. J. Abrams usou magnificamente. As infâncias dos dois e os fatos que levaram seus destinos a se cruzar dão intensidade e verdade à narrativa, além de reforçar a simpatia dos espectadores por eles. Creio que a maioria dos leitores já saiba que indivíduos tão diferentes rendem ótimas passagens e, neste filme, não poderia ser diferente. Divergências à parte, a trama irá colocá-los em rota de colisão, mas esse confronto será extremamente positivo no futuro.

Ação e um roteiro bem elaborado podem coexistir?

Se você ainda não viu essa obra e tem em mente apenas as imagens e a ação dos filmes baseados na série de TV e, logicamente, nela propriamente dita, prepare-se para uma gratificante surpresa. 
Tudo aquilo que não pudemos ver durante os episódios e os filmes em função da limitação tecnológica, será mostrado nesse novo Star Trek. Planetas e criaturas alienígenas realistas, ação em doses corretas, uma nave mais próxima daquilo que nós, hoje, imaginamos e uma narrativa absolutamente cativante. 
Os méritos do passado não ficarão esquecidos, porém é inevitável olhar para essa nova obra e enxergar o quanto a tecnologia aprimorou um conceito bacana, transformando-o em uma verdadeira obra de arte.
A ação e o roteiro perfeito coexistem...

Star Trek vs Star Wars.

Inevitável comparar as duas franquias. São grandes obras que já contam com milhões de fãs por todo o mundo. Entretanto, esse novo Star Trek começou de forma muito positiva. Ao contrário da trilogia que se sucedeu aos filmes 4, 5 e 6 de Star Wars, essa versão nova de Jornada nas Estrelas obteve a inacreditável média de 8.1 no Rotten Tomatoes, com 89% de aprovação do público. 
Apesar de grandes sucessos, Star Trek parece estar no caminho correto, ao passo que Star Wars necessita de alguém que evite o deterioramento da obra. Será que J. J. Abrams será o nome que revitalizará Star Wars, tal como fez com Star Trek?




Inimigos.

Logo de início somos apresentados aos inimigos que irão marcar as vidas de Kirk e Spock: os Romulanos. Motivados por um problema que, teoricamente, ainda não aconteceu, os guerreiros provocam a morte de milhares e dão a motivação necessária para que pessoas tão diferentes como Jim Kirk e Spock se unam. O que parecia improvável acontece: eles são direcionados a um destino comum que nós, fãs da série, conhecemos bem.
O líder romulano é interpretado por Eric Bana e, com o decorrer do filme, há ocasiões onde o espectador terá raiva dele e, em outros, pena. Não criaram um vilão sem motivações. Nero é um personagem movido pela angústia da morte. Para ele, isso basta.

Trilha Sonora.

Michael Giacchino compôs as músicas que dão consistência às grandes cenas do filme. Fã da série original, Michael sentiu o peso da responsabilidade de dar uma nova trilha ao filme que prometia reiniciar a franquia e, como constatamos, obteve sucesso na empreitada. A orquestra com quase 150 pessoas trouxe o complemento que o filme merecia e manteve, inclusive, o tema original ao final da obra cinematográfica.

Continuação.

Star Trek teve uma continuação que, na minha opinião, é melhor que seu antecessor. Também dirigido por J. J. Abrams, o filme complementa e dá sequência de forma incorrigível à trama inicial, mantendo todo o respeito e, novamente, prestando singelas homenagens à série que deu origem a tudo.

Nota final.

Esse, repito, é um filme do qual me arrependo de não ter visto antes. Uma obra-prima da ficção científica, feito com muita pesquisa, dedicação dos atores e dos produtores, além de ser responsável pela revitalização de uma franquia que oscilou por alguns anos em função de filmes razoáveis. Mais do que isso, esse novo Star Trek tem o comprometimento de agradar aos fãs, os verdadeiros responsáveis pela longevidade de uma ideia e um ideal.
Um dos melhores filmes que vi até hoje... sinceramente.

Elenco:

Chris Pine - James T. Kirk
Zachary Quinto - Spock
Leonard Nimoy - Spock original
Karl Urban - Leonard McCoy
Zoë Saldaña - Nyota Uhura
Simon Pegg - Montgomery Scott
John Cho - Hikaru Sulu
Anton Yelchin - Pavel Chekov
Eric Bana - Nero
Bruce Greenwood - Capitão Christopher Pike
Ben Cross - Sarek (pai de Spock)
Winona Ryder - Amanda Grayson (mãe de Spock)

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