Pular para o conteúdo principal

Breaking Bad. Review da primeira temporada.

Por: Franz Lima. Curta nossa fanpage: Apogeu do Abismo.

O que esperar de uma série sobre tráfico de drogas? Já vimos muitas com esse tema. Algumas mais pesadas, outras mais leves, mas, via de regra, todas seguiram um padrão.
Breaking Bad é inovadora em um ponto: ela mostra a ascensão de um anti-herói como ainda não havíamos visto. Walter White é o típico cidadão de meia-idade. Seus complexos e problemas são comuns à maioria dos homens de sua idade. Ele é um homem que acaba de completar 50 anos, será pai em breve e vive a dura rotina de ter dois empregos para sustentar a família. Até aí, tudo ok. Mas nem só de alegrias vive o professor de química Walter White. 
Walter tem a desgastante rotina de ministrar aulas para alunos que não se importam com os ensinamentos que ele passa. Também há o desprezo de seu patrão do segundo emprego, onde a função de caixa é sempre posta de lado para que ele assuma outra mais braçal. Não bastassem esses problemas, o químico ainda tem que lidar com as dificuldades de seu filho, um jovem que aparenta ter sofrido paralisia, limitando não só seus movimentos físicos como também a fala.
Enfim, o que dizer de uma rotina tão estressante? Porém, pela família, vale a pena.
Claro, nem só pedras são dadas a ele para carregar. A família traz pequenas alegrias ao professor. Sua esposa o ama, seu filho tem um raciocínio rápido, os cunhados estão presentes e servem de base para ele. Entre tantos entraves, ainda resta um pouco de alegria e esperança.
Ou não.
O professor descobre que é portador de um câncer no pulmão. Os custos para efetuar uma quimioterapia são altíssimos e não há dinheiro suficiente ou um plano de saúde para ampará-lo. Mesmo com o apoio dos familiares, a escassez de dinheiro e as preocupações com o que ocorrerá após sua morte deixam Walter em depressão. 
Durante seu aniversário, ele assiste a uma reportagem sobre a apreensão de drogas e a prisão dos traficantes. Curioso, Walter questiona seu cunhado, o investigador da Divisão Antidrogas Hank Scharader, sobre quanto dinheiro havia no local. As informações de Hank incitam ainda mais a curiosidade do professor que pede a ele a oportunidade de participar de uma dessas apreensões. E é aí que os caminhos de Walter se cruzam definitivamente com Jesse Pinkman, um ex-aluno dele.
Jesse é um pretenso traficante, mas com pouco talento. Entretanto, Walter vê nele a chance de ganhar o dinheiro para seu tratamento. Juntos, eles podem produzir metanfetamina suficiente para custear os remédios e, em breve, não será necessário pedir dinheiro emprestado.
Nesse ínterim, Walter e Skyler, sua esposa, vão até uma festa de aniversário de um amigo antigo. Skyler desabafa com esse amigo, muito rico, e ele se propõe a custear o tratamento. Há, porém, um fato que impede-o de aceitar, um fato ligado ao passado de Walter e a esposa desse amigo do passado.
 No meio dessa bagunça generalizada, vamos percebendo uma gradual mudança de comportamento no professor de química. De um pacato e reprimido homem ele vai, aos poucos, se tornando alguém mais destemido. Seja motivado pela morte próxima devido ao câncer, seja por querer se distanciar de sua personalidade submissa, Walter White cede lugar, lentamente, ao seu alter ego, o produtor de metanfetamina Heisenberg. 
O que será dele e de Jesse, principalmente quando Hank entra na história para investigar esse novo traficante? Só o tempo dirá. Garanto, porém, que esses sete primeiros episódios da temporada inicial são tensos, depressivos e até divertidos, dando-nos uma clara impressão de que o futuro de Walter/Heisenberg não será fácil. 

O elenco.

A escolha do elenco está excelente. Desde personagens menos presentes (como o dono do lava a jato Bogdan) até o próprio White, interpretado pelo brilhante Bryan Cranston, todos estão muito bem encaixados em seus papéis.
As representações são convincentes e marcantes, oscilando entre o humor e o drama de modo bem convincente.
Breaking Bad conta com os seguintes atores em sua primeira temporada: Bryan Cranston (Walter White), Aaron Paul (Jesse Pinkman), Anna Gunn (Skyler White), R. J. Mitte (Walter Jr.), Dean Norris (Hank Scharader), Betsy Brandt (Marie Scharader), Raymond Cruz (Tuco Salamanca), Marius Stan (Bogdan Wolynetz) e outros.


Lista de episódios:
Ep. 1 : Pilot
Ep. 2 : Cat's in the Bag
Ep. 3 : ...And The Bag's In The River
Ep. 4 : Cancer Man
Ep. 5 : Gray Matter
Ep. 6 : Crazy Handful of Nothin'
Ep. 7 : A No-Rough-Style-Type Deal

Aguardem as resenhas das próximas temporadas. Breaking Bad se tornou uma referência não à toa. E é por isso que ela será o foco nas próximas análises do Apogeu.

Atualizado: Review da Segunda Temporada.

Curtam o trailer da primeira temporada e até o próximo review.

Comentários

  1. Desde esta temporada, adorei! Um fator que coloca essa série acima das demais é a proposta original de seus criadores para o protagonista Walter White (Eu certamente sabia que Bryan Cranston terá uma participação especial em Segura A Onda 09 ). Em tempos de múltiplas telas conectadas, em que a disputa pela atenção do espectador passa por um vaivém frenético entre redes sociais, canais de televisão e sites, Breaking Bad fisgou a todos com uma mistura antes vista apenas em grandes obras da literatura e do cinema. Enquanto a maioria das séries de TV começa sem saber onde vai parar, dependentes do humor implacável da audiência, Breaking Bad teve início, meio e fim definidos desde o primeiro dia. Seus criadores tiveram a coragem, e a sagacidade, de seguir o plano original, construindo tijolo por tijolo uma história convincente e angustiante, que pega o telespectador pela gola e o obriga a assistir a cada episódio com frequência religiosa. Breaking Bad não teve o destino de tantas séries que foram canceladas antes de florescer, como Firefly, muito menos teve seu prazo de validade prolongado e por consequência uma queda brutal de qualidade por fazer sucesso demais, como Prison Break. Não. Breaking Bad caminha para um pouso perfeito.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Bethany Townsend, ex-modelo, expõe bolsa de colostomia de forma corajosa.

Bethany Townsend é uma ex-modelo inglesa que deseja, através de sua atitude, incentivar outras pessoas que sofrem do mesmo problema a não ter receio de se expor. Portadora de um problema que a atinge desde os três anos, Bethany faz uso das bolsas de colostomia  que são uma espécie de receptáculo externo conectado ao aparelho digestivo para recolher os dejetos corporais, e desejou mostrar publicamente sua condição.  Quero que outras pessoas não tenham vergonha de sua condição e é para isso que me expus , afirmou a ex-modelo. Bethany usa as bolsas desde 2010 e não há previsão para a remoção das mesmas.  Eu, pessoalmente, concordo com a atitude e respeito-a pela coragem e o exemplo que está dando. Não há outra opção para ela e isso irá forçá-la a viver escondida? Jamais... Veja o vídeo com o depoimento dela. Via BBC

Suzane Richthofen e a justiça cega

Por: Franz Lima .  Suzane von Richthofen é uma bactéria resistente e fatal. Suas ações foram assunto por meses, geraram documentários e programas de TV. A bela face mostrou ao mundo que o mal tem disfarces capazes de enganar e seduzir. Aos que possuem memória curta, basta dizer que ela arquitetou a morte dos pais, simulou pesar no velório, sempre com a intenção de herdar a fortuna dos pais, vítimas mortas durante o sono. Mas investigações provaram que ela, o namorado e o irmão deste foram os executores do casal indefeso. Condenados, eles foram postos na prisão. Fim? Não. No Brasil, não. Suzane recebeu a pena de reclusão em regime fechado. Mas, invariavelmente, a justiça tende a beneficiar o "bom comportamento" e outros itens atenuantes, levando a ré ao "merecido" regime semi-aberto. A verdade é que ela ficaria solta, livre para agir e viver. Uma pessoa que privou os próprios pais do direito à vida, uma assassina fria e cruel, estará convivendo conosco, c

Pioneiros e heróis do espaço: mortos em um balão

* Há exatamente 100 anos subir 7400 metros, num balão, era um feito memorável. Consagrados por isto, três franceses - Sivel, Crocé-Spinelli e Tassandier - resolveram tentar uma aventura ainda mais perigosa: ultrapassar os 8 mil metros de altitude. Uma temeridade, numa época em que não existiam os balões ou as máscaras de oxigênio e este elemento precioso era levado para o alto em bexigas de boi com bicos improvisados. Uma temeridade tão grande que dois dos pioneiros morreram. Com eles, desapareceu boa parte das técnicas de ascensão da época que só os dois conheciam. Texto de Jean Dalba Sivel No dia 20 de abril de 1875, mais ou menos 20 mil pessoas acompanhavam à sua última morada, no cemitério de Père-Lachaise, os despojos de Teodoro Sivel e de Eustáquio Crocé-Spinelli - os nomes, na época da produção do artigo, eram escritos em português para facilitar a leitura e "valorizar" nossa própria cultura. A grafia correta dos nomes é Théodore Sivel e Joseph Eustache Cr